Os moradores do Projeto de Assentamento Cumuruxatiba, localizado em Prado, divulgaram uma carta aberta à população para esclarecer a disputa territorial que enfrentam. De acordo com os assentados, lotes do assentamento foram recentemente ocupados por indígenas, situação que tem gerado tensão e incertezas na comunidade.
Conforme a carta, o vice-prefeito de Prado intercedeu para buscar uma solução que seja benéfica a todos os envolvidos, solicitando um prazo de 15 dias para tratar do assunto. No entanto, mesmo após o período estipulado, os lotes continuam ocupados, levando os moradores a manifestarem publicamente a sua preocupação.
Criado em 1987 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o Projeto de Assentamento Cumuruxatiba abrange uma área de 4.500 hectares e abriga cerca de 150 famílias. Desde então, os assentamentos foram transformados no local em um espaço produtivo, sustentando-se por meio da agricultura familiar.
Os moradores ressaltam que as terras ocupadas são exclusivas para a subsistência das famílias e para a economia local. Produtos como leite, queijo, maracujá, pimenta, cacau, abacaxi, caju, mamão e coco são cultivados no assentamento, abastecendo a comunidade e contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.
A carta reforça o apelo dos assentados para que a situação seja resolvida de forma a garanti o direito das famílias que vivem e dependem do assentamento há mais de três décadas. A disputa territorial envolve aspectos sensíveis, incluindo questões históricas e culturais, e os moradores esperam que um diálogo construtivo possa levar a uma solução que atenda a todas as partes envolvidas.
Até o momento, não há informações sobre novos encaminhamentos para solucionar o impasse.
Carta dos assentados;
Nós, assentados do Projeto de Assentamento Cumuruxatiba, sentimos a necessidade de nos dirigir à comunidade local para esclarecer a situação que temos enfrentado. Recentemente, alguns de nossos lotes foram ocupados por indígenas, e apesar de nossos esforços para encontrar uma solução pacífica, incluindo a mediação do vice-prefeito de Prado, que solicitou um prazo de 15 dias para resolver na melhor forma possível, porém, as áreas continuam ocupadas.
Essas terras foram colonizadas pelo INCRA, que criou o Projeto de Assentamento Cumuruxatiba em 1987. Desde então, temos trabalhado arduamente para transformar 4.500 hectares em um lar produtivo, onde cerca de 150 famílias dependem da agricultura familiar para sobreviver. Nossos lotes, que vão da beira da praia até a mata, são essenciais para a nossa subsistência e para o abastecimento da comunidade com produtos como leite, queijo, maracujá, pimenta, cacau, abacaxi, caju, mamão, coco e muitos outros que são fundamentais para a economia local.
A Reforma Agrária é uma conquista importante para nós; ela nos deu a oportunidade de ter nosso próprio pedaço de terra e realizar o sonho de produzir. Nunca poderíamos imaginar que esse sonho se tornaria um pesadelo, colocando em risco anos de trabalho e dedicação para alcançar o nível de produção que temos hoje.
Compreendemos o desejo do povo Pataxó pela regularização da Terra Indígena Comexatibá pelo Ministério da Justiça. No entanto, acreditamos que a auto demarcação da área não é o caminho correto, pois fere a legislação vigente e desrespeita os direitos que todos nós, como cidadãos, devemos ter.
Reiteramos que somos contra qualquer forma de violência e não temos qualquer ligação com grileiros de terras. Pelo contrário, somos baianos que buscam dignidade e condições justas de trabalho para sustentar nossas famílias, ao mesmo tempo em que desejamos viver em harmonia e respeito mútuo com os indígenas.
Pedimos o apoio da comunidade de Cumuruxatiba para que possamos encontrar juntos um caminho que respeite todos os envolvidos e preserve nosso modo de vida, garantindo que possamos continuar contribuindo para a economia local e para a convivência pacífica entre todos.
Fonte: BahiaExtremosul