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Relatório da CPI que culminou em operação da PF pede investigação de dono do Bahia de Feira

Por PRADO AGORA em 05/08/2022 às 00:41:14

O presidente do Bahia de Feira, Jodilton Souza, é um dos citados no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Contratos da Saúde Municipal, que culminou na deflagração da operação No Service, da Polícia Federal, na manhã desta quinta-feira (4), em Feira de Santana (veja aqui e aqui).

A comissão apontou supostas ilegalidades em contratos firmados pela gestão feirense com cooperativas de terceirização de mão de obra e outras irregularidades envolvendo outras empresas do setor de saúde, uma delas o Hospital de Traumatologia e Ortopedia (HTO), cujo sócio-administrador é o dirigente do clube de futebol.

De acordo com o documento, Jodilton foi o responsável por adquirir as cotas do secretário de Saúde Marcelo Britto, que se desfez da sua participação no quadro societário do HTO em 2021, através de uma venda que teria sido simulada, intermediada pela cunhada do titular da pasta, Maria José da Veiga Marcelino.

A negociação aconteceu, indicou a CPI, por um montante muito abaixo do valor de mercado, por R$ 17 mil cada uma. À época, Marcelo - agora afastado - estava prestes a ser nomeado como secretário no governo do prefeito Colbert Martins (MDB) e, por conta do credenciamento que o hospital tinha com o Sistema Único de Saúde (SUS), não poderia manter contrato com o município nem ser sócio de empresa que o tivesse.

Segundo a investigação da Câmara Municipal, a simulação da venda "se revelou uma saída fácil, para, de dentro da secretaria de saúde [Britto pudesse] conduzir o esquema criminoso, vez que, a pasta, é de ordenadora de despesas, e o cargo de secretário lhe dá o status e o poder de gerir o fundo municipal de saúde com seus mais de R$ 400 milhões por ano".

Ao Bahia Notícias, o relator da CPI, o vereador Ivamberg Lima (PT), disse que a comissão agora espera da Polícia Federal e da Receita Federal a quebra do sigilo bancário dos envolvidos para que seja esclarecida a dimensão real da operação financeira.

Durante o processo, acusa o parlamentar, contradições dão indícios da ilegalidade da movimentação. "Pelo que ele [Marcelo Britto] diz, eram dez cotas e cada uma foi vendida por um valor em torno de R$ 15 mil. Mas, numa outra oitiva, ele disse que o valor do patrimônio era de R$ 17 milhões. Como um patrimônio desse valor pode ser vendido por cerca de R$ 15 mil?", provocou.

Em contato com o BN, Jodilton afirmou que não tinha conhecimento dos pormenores envolvendo a aquisição das cotas. "Quem negociou a compra foi o meu jurídico", justificou.

Também procurada, a assessoria da Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia afirmou que, por ordens do setor de comunicação de Brasília, a corporação não está autorizada a ceder entrevistas. Conforme justificou a instituição, por conta da proximidade com as eleições, as equipes estão em "defeso eleitoral".

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