Deputado Jacó denuncia ameaças e ataque ao território indígena Barra Velha, em Porto Seguro

Duas aldeias, Cassiana e Boca da Mata, pertencentes ao Território Indígena Barra Velha, no município de Porto Seguro, estão sendo ameaçadas por fazendeiros e grileiros que reivindicam a posse da terra. A denúncia é do deputado estadual Jacó (PT), que foi informado do clima de medo e insegurança que paira na região por parte de pelo menos três lideranças.

"Houve um ataque com tiros e arma de fogo há uma semana, pois querem retirar à força famílias que moram no local há mais de 30 anos, simular o mesmo que houve com o povo ianomâmi, e nós não vamos deixar", diz um cacique pataxó.

"O povo pataxó compõe a paisagem daquele território, eles foram ocupar as suas terras e acabaram expulsos a tiros; os fazendeiros, não satisfeitos, estão atrás das lideranças nos ônibus que circulam para as aldeias, e os boatos que correm é de que a ordem é para matar. Os órgãos de justiça do Estado precisam tomar providências urgentes para evitar a arrogância e a prepotência desses fazendeiros que se acham acima da lei", afirma Jacó, que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia.

Em áudios trocados pelo whatsapp, outros dois caciques conversam e dizem que "a situação não é das melhores", que as aldeias "se encontram encurraladas" e amedrontadas por policiais à paisana, inclusive, e que medidas precisam ser tomadas por autoridades e órgãos de justiça, proteção e segurança. Pedem o apoio e a união dos demais indígenas, já que não se trata de caso isolado, vide a forma como as populações originárias vêm sendo tratadas pelo governo federal. Há relatos também de estradas interditadas, ônibus queimados e dificuldades para obter alimentos.

A não-demarcação de terras indígenas está na raiz dos conflitos e há um temor de que, caso vença a tese do Marco Temporal no STF, que só reconhece esses territórios antes de 1988, a situação se agrave ainda mais. No mês passado, o cacique Mãdy Pataxó gravou um vídeo em que fala sobre a perseguição a indígenas no sul e extremo sul da Bahia. "Estamos na nossa terra, sem poder desfrutá-la, e sendo criminalizados", lamentou.