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Bolsonaro sanciona lei de incentivo ao uso de tecnologia nas escolas; programa já existia no MEC e sofreu cortes na pandemia

Por PRADO AGORA em 03/07/2021 às 08:08:28

O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta sexta-feira (2) a lei que institui a PolĂ­tica de Inovação Educação Conectada, buscando universalizar o acesso à internet em alta velocidade e incentivar o uso de tecnologias nas escolas.

Segundo o texto publicado no DiĂĄrio Oficial da União, o projeto não encerra programas jĂĄ vigentes sobre o tema - como a lei aprovada em junho de 2021 que prevĂȘ a distribuição de modens e tablets a alunos e professores da rede pĂșblica (leia mais abaixo).

A nova PolĂ­tica de Inovação Educação Conectada transforma em polĂ­tica nacional uma iniciativa de 2017 do Ministério da Educação (MEC). Em abril, um relatório da Câmara dos Deputados apontou que, entre 2019 e 2020, a pasta reduziu para menos da metade os recursos destinados a essa ação. Ou seja: justamente na pandemia, com o fechamento das escolas e a implementação do ensino remoto, houve queda de investimento.

O G1 questionou o MEC se haverĂĄ novos aportes financeiros neste ano, mas não recebeu resposta até a Ășltima atualização desta reportagem.

Objetivos

Segundo a publicação no DiĂĄrio Oficial da União, entre os objetivos da nova lei, estão:

levar inovação e tecnologia a escolas em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica;

prestar apoio técnico e financeiro para a contratação de serviços de internet e aquisição de equipamentos;

disponibilizar materiais didĂĄticos digitais gratuitos.

Serão trĂȘs fontes de recursos financeiros:

transferĂȘncias da União, anualmente;

recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust);

e ações complementares de entidades pĂșblicas e privadas.

Internet gratuita a professores e alunos

A PolĂ­tica de Inovação Educação Conectada complementa, por exemplo, outra lei, aprovada em 11 de junho, a qual prevĂȘ que Estados, municĂ­pios e o Distrito Federal recebam, ao todo, R$ 3,5 bilhões para investir em compra de chips, tablets e pacote de dados a professores e alunos da rede pĂșblica.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, também era contrĂĄrio à iniciativa - defendia investir diretamente nas escolas, em vez de propiciar o acesso à internet para estudantes e docentes. Em março, afirmou que "despejar dinheiro na conta não é polĂ­tica pĂșblica".

O Congresso, no entanto, derrubou o veto do presidente em 1Âș de junho.

Agora instituĂ­da, a polĂ­tica estĂĄ voltada a:

alunos da rede pĂșblica que sejam de famĂ­lias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico);

estudantes de comunidades indĂ­genas e quilombolas;

e professores da educação bĂĄsica.

O desafio de uma maior conectividade na educação

A pandemia escancarou a desigualdade no acesso de alunos e professores à internet. Isso dificulta iniciativas de educação remota (ou hĂ­brida, quando parte das aulas é virtual, e parte é presencial).

Veja pontos de destaque:

A internet banda larga não chegava a 17,2 mil escolas urbanas (20,5%) em 2020, indica o Censo Escolar da Educação BĂĄsica.

Ao fim de 2020, somente duas decada dez cidades (22,5% das redes municipais) terminaram o ano com plataformas educacionais, apontam dados da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

A pesquisa Undime indicou que, para 78,6% dos respondentes, a conectividade dos alunos foi apontada com grau de dificuldade médio a alto para a continuidade da educação no ano passado.

O levantamento "TIC DomicĂ­lios 2019", divulgado em maio de 2020, aponta que 39% dos estudantes de escolas pĂșblicas urbanas não tĂȘm computador ou tablet em casa. Nas escolas particulares, o Ă­ndice é de 9%.

Em relação à internet, foram identificados 20 milhões de lares sem conexão, o que representa 28% do total. No recorte por classes, as D e E eram as mais desfavorecidas, com 50% sem internet.

InfogrĂĄfico mostra a oferta de internet nas escolas do Brasil; cores cinzas apontam internet em até 40% das escolas, os tons de vermelho indicam outros percentuais

Fonte: G1

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