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Onã Rudá faz balanço dos casos de homofobia no futebol brasileiro em 2023: "Nem todo clube é o Bahia" 

Fundador da LGBTricolor e do Coletivo de torcidas LGBTQIA+ de futebol, Onã Rudá esteve presente no evento de lançamento da candidatura de Emerson Ferretti à presidência do Bahia, nesta sexta-feira (17), e prestou apoio à chapa da União Tricolor, encabeçada por Emerson e que tem Paulo Tavares como vice.

Por PRADO AGORA em 17/11/2023 às 17:51:26

Fundador da LGBTricolor e do Coletivo de torcidas LGBTQIA+ de futebol, Onã Rudá esteve presente no evento de lançamento da candidatura de Emerson Ferretti à presidência do Bahia, nesta sexta-feira (17), e prestou apoio à chapa da União Tricolor, encabeçada por Emerson e que tem Paulo Tavares como vice.

Em conversa com o Bahia Notícias, Onã explicou como se deu a aproximação com Emerson Ferretti e disse que o seu apoio é "fruto de um debate coletivo com a galera que compõem a nossa torcida (LGBTricolor)".

"O meu apoio não vem selado por uma decisão unilateral minha. Ele é fruto de um debate coletivo, junto com a galera que compõem a nossa torcida e que tem muita unidade. Em torno daquilo que a gente reflete, porque procuramos sempre dar passos muito sólidos dentro da dinâmica da vida do clube. Porque, querendo ou não, nós somos o elo mais frágil de toda essa construção, do último período, submetidos há uma série de coisas que podem acontecer a depender do que aconteça com o clube. Então, esse apoio é fruto de um entendimento coletivo de que Emerson carregava consigo uma série de características, e mais do que características, experiência, predicados, que permitiriam que a gente tivesse nele essa ponte para um novo momento do Bahia", comentou Onã.

Em seguida, Onã falou sobre o diálogo desenvolvido com Emerson visando às ações afirmativas no Bahia.

"Um dos nossos principais anseios é, sem dúvidas, o trabalho com as ações afirmativas. Diante do diálogo que a gente tem tido com Emerson, já há um bom tempo, não de agora. Eu acompanhei, inclusive, o processo dele de 'sair do armário' e tudo mais. Particularmente, uma experiência que a gente compartilha, durante muito tempo no armário. Foi um momento que a gente conseguiu conversar e outros momentos também que ele teve com a gente: no nosso aniversário, no nosso baile, esse diálogo afinou muito em torno desse projeto das ações afirmativas. O meu apoio vem dentro desse contexto complexo, gigante, mas que é fruto de um amadurecimento coletivo", explicou Onã.

O presidente da LGBT Tricolor também falou sobre como vem sendo a experiência do seu coletivo desde que o Bahia virou SAF.

"Na realidade, a SAF está submetida a uma lei que é a Lei da SAF e essa lei prevê ações de responsabilidade social. Eu posso dizer que desde que a SAF chegou eu não tenho encontrado dor de cabeça para dialogar com a SAF. Porque o Grupo City tem lá em Manchester um trabalho parecido com o da LGBT colou e eles apoiam, ajudam. Inclusive, a Parada do Orgulho LGBT, da cidade de Manchester, quem patrocina é o grupo City. Eu vejo com otimismo essa chegada do Grupo City no Bahia. As portas não se fecharam, muito pelo contrário, a gente continua podendo vender as nossas unidades de camisa. Acho que eles incorporaram a importância da pauta LGBT como ela chegou dentro do Bahia. Porque a ideia é que todo mundo que é LGBT circule no clube, esteja no clube, independente de ser membro da nossa torcida ou não. A gente é só a ponte para dizer: 'tem espaço para vocês aqui'", comentou Onã.

Por fim, o fundador do Coletivo de torcidas LGBTQIA+ de futebol fez um balanço sobre os casos de homofobia em 2023 e traçou um paralelo com a torcida do Bahia. Segundo Onã, "nem todo clube é o Bahia".

"No Bahia, a gente teve ações muito importantes esse ano. Ações gigantescas. A gente teve a nossa presença na Parada. Teve a ação que fizemos com o pessoal trans no estádio. A gente veio com a ESPN acompanhando a nossa presença no estádio e e eles disseram que 'no Bahia era uma festa'. Lá em São Paulo, quando eles iam para algum jogo, era uma praça de guerra. Acho que o Bahia continua mantendo a sua a sua posição. E isso independe se, midiaticamente, teve visibilidade ou não. Nacionalmente, aí que a gente tem uma questão. O ano passado a gente encerrou a temporada com 74 episódios de LGBTfobia, que era um aumento de 76% em relação ao ano anterior, só que o ano anterior a gente teve uma temporada que foi paralisada por conta da pandemia e depois o retorno pleno. Então, o número reduzido daquele ano tinha a ver justamente com isso. Esse ano, a gente contabilizou 67 casos. Em relação ao ano passado, significa uma redução de sete casos, só que o Campeonato não terminou, a gente ainda tem umas cinco ou seis rodadas. O que há de concreto no combate das entidades em relação à LGBTfobia. A CBF alterou esse ano o RGC (Regulamento Geral de Competições) e isso é um ponto positivo. A alteração da CBF ampliou e intensificou as punições, que é é impetrada pelo STJD e pela primeira vez na história a gente viu um clube jogar sem torcida por conta de cânticos homofóbicos, que foi Corinthians. Há uma guinada das instâncias máximas do futebol no intuito de não deixar mais que haja margem para essas questões. Até porque a gente é muito atuante, denúncia e tudo mais. Agora, há um problema com relação aos clubes, porque nem todo o clube do Brasil é o Bahia. O Bahia é um ponto muito fora da curva e é por isso que a gente é o único experimento de torcida onde a gente circula todos os ambientes", disse Onã.

Com a venda de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Esquadrão para o City Football Group por R$ 1 bilhão, o novo presidente da Associação Esporte Clube Bahia terá como missão fiscalizar e garantir o cumprimento do contrato firmado com os investidores estrangeiros, além de desenvolver projetos e investimentos em outros esportes.

A eleição do próximo dia 2 de dezembro irá eleger presidente e vice, que irão compor a Diretoria Executiva, mais 100 conselheiros. Além de Emerson Ferretti, representado pelo número 12, os outros candidatos à presidência são: Marcelo Sant'Ana (31), Marcus Verhine (88), Leonardo Martinez (10) e Jailson Baraúna (79).

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