BORA PRADO

Aos 11 anos, atleta baiano de karatê busca apoio para participar de campeonato mundial no Japão

Com cerca de 1 milhão de praticantes no Brasil e 41 mil atletas filiados na Bahia, segundo dados da Confederação Brasileira de Karatê (CBK), o Karatê é uma das artes marciais mais populares do mundo.

Por PRADO AGORA em 27/03/2024 às 00:13:23

Com cerca de 1 milhão de praticantes no Brasil e 41 mil atletas filiados na Bahia, segundo dados da Confederação Brasileira de Karatê (CBK), o Karatê é uma das artes marciais mais populares do mundo. Na Bahia, um dos milhares de atletas que representam o estado e o Brasil nos campeonatos, é o jovem João Lima, de 11 anos, que visa arrecadar fundos para participar do Campeonato Mundial de Karatê Shotokan.

O Shotokan é um dos cinco estilos de luta desenvolvidos no Karatê e um dos reconhecidos oficialmente pela Federação Mundial de Karatê (WKF). Praticante do esporte desde os 4 anos, João é o atual campeão brasileiro da sua modalidade, sendo o 1° no ranking mundial de kumite individual 9 entre 10 anos, tendo disputado no ano passado.

"Ele começou no karatê com 4 anos, por um projeto social. Ele participou do Campeonato Baiano, e depois disso, não largou mais o karatê", afirma a mãe do atleta, Leide Lima. A conexão com o esporte surgiu a partir de um quadro de depressão na família. "Meu irmão, que hoje tem 18 anos, tinha depressão, e a gente encontrou no karatê uma forma dele melhorar o quadro e João como gosta muito dele, resolveu se inscrever também para ir com ele. Eles se inscreveram em um projeto social que acontecia na Barros Reis e ele [João] começou a gostar tanto do karatê e se destacar", completou.

Foto: Arquivo Pessoal

Desde que começou a praticar, há 7 anos, o atleta já coleciona títulos, entre eles, o de Campeão Baiano de Karatê, Bicampeão da Copa Salvador de Karatê, Tricampeão da Copa Tigres e Dragões, além do título nacional de Campeão Brasileiro.

Apesar do bom desempenho no esporte, João não é contemplado com nenhuma ajuda financeira. Os documentos de convocação, enviados pela família do atleta com exclusividade ao Bahia Notícias, também expõem a falta de investimento. "A gente não tem recursos, eu sou animadora de festa infantil. Minha mãe está fazendo cocada para meu tio vender na rua, são dois idosos. Eles estão saindo com a camisa que fiz. Eu estou indo, meu filho [João] também está indo", conta Leide.

Foto: Reprodução / Redes Sociais / Arquivo pessoal

"A Confederação Brasileira não tem recursos suficientes para custear a passagens dos atletas, principalmente aqueles que precisam de acompanhante, porque ele tem 11 anos, não tem como mandar ele para outro país sem acompanhante", ressaltou. Pelos cálculos da família, o valor mínimo para financiar a viagem é de cerca de 16 mil reais, apenas com a passagem de João e da avó, que deve acompanhá-lo. "Não tenho emprego fixo, então tudo que posso, eu estou fazendo, por exemplo, o valor de R$ 5 mil reais, foi com meu trabalho, animando festas, eu juntei para a passagem dele".

Leide conta que a família também se inscreveu no projeto de Ajuda de Custo para atletas, fornecido pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (SEMPRE) de Salvador.

"A gente tentou, preencheu tudo. A Federação Baiana preencheu para a gente, deu a documentação, a Federação Brasileira também. O site fala 'vocês foram cadastrados com sucesso'. Estou acompanhando aqui através do protocolo todo dia, não tem nenhum resultado e tá se aproximando a data de comprar passagem", afirmou. Leide espera conseguir cerca de 25 mil reais para a viagem e hospedagem de João até o dia 20 de abril, data final para a confirmação de compra das passagens para os atletas convocados.

Sem patrocínios, a família uniu a venda das cocadas nas ruas a uma vaquinha online, onde já foram arrecadados mais de R$ 8 mil. A história do garoto foi divulgada por uma usuária do X, antigo Twitter, e viralizou, recebendo mais de 37 mil curtidas. Após a repercussão da publicação, o perfil do atleta no Instagram recebeu mais de 2000 seguidores.

Apesar das dificuldades, João ainda acredita no sonho de se profissionalizar no esporte: "Ele tem uma fé que chega a assustar a gente. Ele é muito desenvolvido para a idade, então na cabeça dele, ele já tá no Japão. Não pensa em desistir em momento nenhum, ele não pensa que não vai dar certo, ele acredita", conta a mãe.

Com o prazo apertado para a viagem, o grupo também mira outras realizações, caso o sonho não se concretize em 2024. "Caso a gente não consiga, tem duas possibilidades: ou continuar juntando para o Mundial 2025, porque a gente vai ganhar mais tempo para levantar recursos, ou ir para o Brasileiro que vai acontecer no Espírito Santo, em outubro". O 6º Campeonato Mundial de Karatê Shotokan será realizado nos dias 26, 27 e 28 de julho em Tóquio, no Japão.

Comunicar erro
anuncie aqui 2

Comentários

anuncie aqui 3