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Mães denunciam Projeto Canaã por discriminação contra crianças autistas: "Chamou minha filha de este tipo de criança"

Com o trabalho reconhecidamente voltado para o atendimento de famílias carentes do município de Irecê, no centro-norte da Bahia, o Projeto Nova Canaã, desenvolvido pela Associação Beneficente Projeto Nordeste (ABPN), está sendo acusado de discriminação contra duas crianças autistas, um menino e uma menina, ambos com cinco anos de idade.

Por PRADO AGORA em 02/04/2024 às 22:07:24

Com o trabalho reconhecidamente voltado para o atendimento de famílias carentes do município de Irecê, no centro-norte da Bahia, o Projeto Nova Canaã, desenvolvido pela Associação Beneficente Projeto Nordeste (ABPN), está sendo acusado de discriminação contra duas crianças autistas, um menino e uma menina, ambos com cinco anos de idade.

Quem denuncia é a cabeleireira Marta Ribeiro dos Santos. Em contato com o Bahia Notícias, nesta terça-feira (2), ela contou que no último dia 10 de março o projeto social anunciou em seu perfil oficial nas redes sociais a abertura das inscrições para o "Projeto Nadar", que consiste na oferta de atividades esportivas gratuitas, nas modalidades natação, vôlei e futsal, à crianças e adolescentes na faixa etária de 4 a 17 anos.

De acordo com Marta, ela e a amiga Alessandra de Souza foram até a sede do projeto com a documentação das crianças e conseguiram efetuar as matrículas. "Estava tudo certo, apenas ficamos esperando a ligação para dizer o horário [das aulas]. Levamos todos os documentos que eles pediram. Nós levamos a xerox do laudo médico e eu expliquei que a minha filha e o coleguinha são autistas, ela com grau 1 e ele com grau 2", contou. Marta, que é estudante do curso de gastronomia e saiu do emprego formal desde que recebeu o diagnóstico da filha, com o objetivo de dar atenção integral à menina, reiterou que ela e Alessandra foram orientadas a buscar o posto de saúde do bairro e pegar um relatório médico comprovando que as crianças estavam aptas a fazer as aulas.

"Perdemos mais uma manhã no postinho para pegar esse relatório com o médico. Levamos no dia 15 [de março] e a assistente social confirmou que estava tudo certo com a matrícula dos meninos". Após mais de uma semana de espera, elas foram chamadas na sede do projeto, ocasião em que "a assistente social falou para mim que o projeto não tinha verba suficiente para ter um cuidador e que crianças 'desse tipo' precisam de um cuidador", lembrou.

Segundo Marta dos Santos, a conversa teria sido conduzida pelas assistentes sociais de prenome Romilda e Fábia. "A outra mãe, simplesmente, ficou em choque e sem reação nenhuma. E eu pedi que elas repetissem porque absurdo eu gosto de ouvir até o final. Criança desse tipo o quê? Minha filha é um bicho, uma raça", questionou. Ainda de acordo com Marta, as assistentes sociais ofereceram a amiga dela, Alessandra de Souza, a possibilidade de matricular a filha mais velha, que não é autista. "Qual mãe vai deixar um filho fazendo uma aula e vai deixar o outro? Isso é discriminatório. Eles falam tanto de inclusão, mas é só na rede social", denunciou.

MEDIDAS

Hoje, as mães registraram um boletim de ocorrência contra o Projeto Canaã na Delegacia de Irecê. De acordo com Marta, ambas estão sendo assistidas por um advogado que deverá entrar, ainda esta semana, com uma ação também no Ministério Público. A reportagem entrou em contato com a instituição, na noite desta terça-feira, sem sucesso, em função do horário de funcionamento, que é das 8h às 17h. O espaço segue aberto para manifestação.

Confira a publicação que originou a denúncia:

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Fonte: Bahia Noticias

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